"Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados, em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem." Carlos Drummond de Andrade





segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Festival do Morcego reúne pesquisadores no Amazonas



Intenção é mostrar importância dos animais na preservação da natureza
Das 1,2 mil espécies de morcegos, apenas três se alimentam de sangue.


Pesquisadores de várias partes do país se reuniram no Amazonas para o Festival do Morcego, no começo deste mês. A intenção deles é mostrar a importância desses animais para a preservação da natureza.

Antes do anoitecer, as redes são montadas em locais estratégicos. Elas vão servir para capturar morcegos que se alimentam de sangue e têm perturbado os animais da fazenda no município de Presidente Figueiredo, a cem quilômetros de Manaus.

“Os animais aparecem sangrando bastante, chegando até à morte”, contou Francisco França, gerente da fazenda.

Os morcegos chegam à noite, quando o gado está descansando. Com a ajuda de uma colher, o pesquisador demonstra como eles usam a língua como uma espécie de funil para sugar o sangue. Quiróptero, o nome científico do animal, vem do grego e significa mãos em forma de asa. As finas membranas, que unem os longos dedos e os pés, permitem ao morcego voar.

O sistema de ecolocalização, uma espécie de radar natural que utiliza sons de alta freqüência, ajuda o bicho a não se perder pelo caminho. Apesar do nome, o morcego enxerga muito bem. Este não é o único mito sobre estes animais.

Das 1,2 mil espécies conhecidas de morcegos que existem em todo o mundo, apenas três se alimentam de sangue. Dentro do pequeno grupo, o desmodus rotundus é o mais comum. Ele está associado a ataques a animais a criação e a seres humanos.

“É um problema para a saúde pública. Os ataques podem trazer não só problemas de sangria, que pode levar à anemia, e também a transmissão de doenças como a raiva”, alertou o biólogo Wilson Uieda

A espécie, por oferecer perigo, precisa ter a população controlada. Mas trata-se de uma minoria, que faz a má fama de todos os morcegos. São mais de 160 espécies. Na Amazônia, contando os países vizinhos, são cerca de 200. Quase todas trazem benefícios ao homem.

Com o objetivo de divulgar a importância destes mamíferos voadores para a natureza a Fundação Museu do Morcego, em Manaus, realiza, desde 2005, um festival anual com palestras, cursos e atividades de campo.

“Morcego é sangue bom. Essa é a idéia que queremos passar. Desconstruir essa imagem negativa do morcego. Mostrar que o morcego está associado com a recuperação das matas, com o controle de insetos. Então, é fundamental a participação desse animal para o controle do ecossistema, para a sobrevivência do planeta”, explicou Marcos Santos, presidente da Fundação do Morcego.

Segundo os pesquisadores, sessenta por cento da regeneração da floresta se deve ao trabalho dos morcegos dispersores de sementes. Morcegos são importantes também no controle de pragas. Graças às membranas entre as patas, o morcego é capaz de capturar insetos durante o vôo.

Há a espécie frugívara, que se alimenta de frutas. O morcego com uma espécie de folha no focinho é chamado pelos cientistas de sturnira lilium e é fundamental na recuperação de áreas degradadas na floresta.

“Alimentando-se do fruto ela vai ingerir as sementes. E ela retirar as sementes da árvore principal, que chamamos de árvore-mãe, e vai dispersar muito longe da área de dispersão natural da planta. Então, ela vai acabar colonizando outras áreas com essas plantas”, esclareceu o biólogo Marcelo Bordignon.

From: Do G1, com informações do Globo Rural

tags: Meio ambiente, preservação ambiental, animais

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